Estava exausta por causa do fantasma de um homem vivo. Não são os mortos que devemos recear, porque as suas almas desejam partir. São os vivos que nunca nos deixam em paz.
Entristecem-me as promessas mínimas do ventre aberto
por força do pouco e do muito ele querer
a paz do coágulo, a dor, o espasmo e o rubi
ai tudo posso dar-lhe, ao meu adepto, ruína das lutas,
o soma, o sarcófago e até o ser eterno dentro de mim.
Paulo da Costa Domingos in CAMPO DE TÍLIAS
Paulo da Costa Domingos – Carmina (1971-1994) Antígona (1995)
(...)
He's gotta be sure And it's gotta be soon And he's gotta be larger than life
(...)
I could swear there is someone, somewhere Watching me Through the wind, and the chill, and the rain And the storm, and the flood I can feel his approach like a fire in my blood
Hoje Eu Sei Vanessa da Mata / Jonas Myrin (Sereia de Água Doce / Duva Songs/Songs of Universal, Inc. [BMI])
Na minha vida hoje eu sei Quem é dor, quem é luz, quem é fuga Quem estraga ou quem estrutura Quem é adubo, terra ou rosa Hoje eu sei quem é conto, romance ou prosa O silêncio amigo ou a cobra Só não sei quem é o mistério
Ninguém me ensinou a amar Me cuidar ou escolher Das sutilezas entre tédio e paz Sempre acompanhada e só, Merecia muito mais, de mim mesma
O tempo entregou você Depois que aprendi dizer não E retirei o que me atrasava
Limpei minha estrada antiga Mudei minhas velhas formas Fiz a faxina pra você entrar
Ninguém me ensinou a amar Me cuidar ou escolher Das sutilezas entre tédio e paz Sempre acompanhada e só, Merecia muito mais, de mim mesma
O tempo entregou você Depois que aprendi dizer: não E retirei o que me atrasava
Limpei minha estrada antiga Mudei minhas velhas formas Fiz a faxina pra você entrar
Lá, lá, lá...
Aonde a fome vivia Joguei minhas cores fartas E como a natureza é sábia Tem mazelas, mas tem cura A solidão fazia casa mas Plantei minhas jaboticabas lá
Se não fosse demasiado crescida para essas coisas (...)
- Nunca somos demasiado crescidas para isso, minha querida, porque é algo que estamos sempre a fazer, de uma forma ou de outra. Os nossos fardos estão aqui, neste mundo, o caminho estende-se à nossa frente, e desejar a bondade e a felicidade é o que nos ajuda a ultrapassar as dificuldades e os erros até atingirmos a paz
Louisa May Alcott – Mulherzinhas (1868) Oficina do Livro (2011)
Vai ao ponto de aconselhar prudência, ao menos esperar os pareceres da hierarquia, a palavra esclarecida do Bispo de Lisboa, do Inquisidor. A Santa Madre Igreja sempre soube conviver em paz com os governos, sempre colocou acima de tudo o sossego dos fiéis e o respeito das leis. Lérias - resmunga o abade de Ribamar. - Cá para mim, hereges que me invadam a casa estão a pedir é cachaporra nos lombos! É uma fanfarronada, mas sempre alivia. Teodósio cala-se, numa censura cautelosa, a depreciar a tendência trauliteira do pároco. Serão mais as vozes do que as nozes quando o abade vir uma baioneta apontada ao saco das tripas.
Álvaro Guerra – Razões de Coração (1991) Coleção Mil Folhas PÚBLICO (2002)
(...) durante a segunda invasão do Porto pelos franceses, no âmbito da Guerra Peninsular, o tenente-coronel Lameth, particularmente prestigiado entre as tropas de Napoleão, foi morto em Santiago de Riba-Ul numa emboscada liderada por Bernardo Barbosa Cunha, natural de Arrifana.
Foi em retaliação a esse ataque que o marechal Nicolas Soult - tio de Lameth - deu ordem às suas tropas para rumarem a Arrifana, onde, em 17 de abril de 1809, sob o comando do general Jean Guillaume Thomières, assassinaram 71 pessoas, entre as quais 62 arrifanenses que procuraram refúgio na igreja local (...)
"Dando cumprimento às ordens do marechal Soult, o general Thomières fez uma investida sobre Arrifana, exigindo que os assassinos fossem entregues para serem fuzilados e os respetivos cadáveres expostos" (...)
Perante o cerco do exército francês, acrescentou, "a população procurou refúgio no interior da igreja, que acabou por revelar-se uma ratoeira - os franceses obrigaram todos os homens válidos a saírem do templo, selecionando em seguida um em cada cinco para serem fuzilados no Campo da Buciqueira".
in https://www.dn.pt/lusa/interior/feira-recria-com-600-figurantes-o-massacre-de-arrifana-durante-as-invasoes-francesas-10828709.html