O último símbolo que quero destacar é o rosário ou as contas. [...] O rosário cristão se confunde com as contas do “Òpelè-Ifá” ou “Rosário de Ifá”, que é um instrumento divinatório dos tradicionais sacerdotes de Ifá (Ifá é o porta-voz de Orumilá e de outros Orixás). Vale lembrar que o culto dos negros a Nossa Senhora do Rosário, se deve também ao paralelismo estabelecido entre o rosário desta Nossa Senhora e o Rosário de Ifá, obviamente já conhecido por muitos negros. Por isso, sempre insisto que o culto dos negros a Nossa Senhora do Rosário é ao mesmo tempo adaptação e resistência [...]
E termino com a saudação aos pretos velhos proferida na maioria dos terreiros de Umbanda [...] e que demostra a multiplicidade do culto e suas referências: “Salve Jesus Cristo e Nossa Senhora... Salve os Orixás... Saravá o Preto Velho... Adorei as almas”.
in http://www.snh2013.anpuh.org/resources/anais/27/1364730161_ARQUIVO_Adoreiasalmas-XXVIISNH-textocompleto.pdf
- Falando por mim, só começo a gostar do Variações através da sucessiva passagem das maquetes que tínhamos feito com ele. Só começo a gostar, quando se cria uma familiaridade com aquele som e com aquele timbre. Porque a primeira reação é...overdose. Depois, e se há uma palavra que pode definir bem o Variações é uniqueness. Isto é, há uma singularidade nele que acaba por conquistar inevitavelmente o seu terreno, e acaba por conquistar as pessoas. Como conquistou - diz Rui Pêgo.
Manuela Gonzaga – António Variações, Entre Braga e Nova Iorque (2018) Manuela Gonzaga e Bertrand Editora (2018)
António Ramos Rosa in A IMPONDERÁVEL ABORDAGEM - Obra Poética I
Assírio & Alvim (2018)
Aunque tu, me has echado en el abandono Aunque tu, has muerto todas mis ilusiones Y en vez, de maldecirte con gusto en coro En mis sueños te colmo, en mis sueños te colmo De bendiciones Sufro la inmensa pena de tu extravío Siento el dolor profundo de tu partida Y lloro sin que sepas que el llanto mio Tiene lagrimas negras, tiene lagrimas negras Como mi vida Tu me quieres dejar, yo no quiero sufrir Contigo me voy mi santa aunque me cueste morir Un jardinero de amor, siembra una flor y se va Otro viene la cultiva, de cual de los dos sera Amada prenda querida, no puedo vivir sin verte Porque mi fin es quererte y amarte toda la vida Yo te lo digo mi amor, te lo repito otra vez Contigo me voy mi santa porque contigo moriré Yo te lo digo mi amor, que contigo moriré Contigo me voy mi santa te lo repito otra vez
Ele já com a marca da queimadura, a gritar [...] O Gonçalo vem na minha direcção e eu pergunto-lhe: " Ó Gonçalo, o que é que vos aconteceu?" Ele olha para mim e aquele olhar disse-me tudo. Não me deu uma palavra, mas o olhar disse-me tudo. Não me deu uma palavra, mas o olhar disse-me tudo. Corro para a ambulância e é onde o vejo a ele, todo encharcadinho de água. A cara dele era uma bolha só. Uma coisa horrível. Estava deitado sobre o lado esquerdo, com as mãos traçadas e a pele toda pendurada. Foi daqueles momentos que nos passa a vida em flash [...]
Ajoelhada junto ao marido, ele pede-lhe que olhe por um irmão, deficiente, que vive com a família. «Ele disse-me, muito baixinho: "Olha pelo Chico, que eu não volto mais a casa."
Patrícia Carvalho – Ainda aqui estou (2018)
Fundação Francisco Manuel dos Santos e Patrícia Carvalho (2018)
Mas o tempo passa. Tomé já sabe andar de novo. Consegue dobrar os dedos das mãos. Filipa chora de dores na fisioterapia, mas não desiste e insiste tanto quanto lhe dizem para insistir, para recuperar o mais rápido possível. Em Abril de 2018, os dois ainda não tinham concluído o processo que lhes permitirá receber uma indemnização, mas Tomé encara os 15 mil euros que lhs deverão estar destinados com desânimo. «As indemnizações deviam começar pelos feridos, que estão cá a lutar, que vão ficar com marcas para toda a vida, mas começaram pelos mortos«, diz.
Há alguma amargura nas palavras dos dois. Mas também ironia, quando falam daqueles que dizem «ter-se aproveitado» do incêndio. Dão como exemplo um conhecido que recebeu uma indemnização por um veículo que, supostamente, ardeu no incêndio, quando de facto o carro já só era uma carcaça inútil parada na propriedade do dono há anos.
Patrícia Carvalho – Ainda aqui estou (2018)
Fundação Francisco Manuel dos Santos e Patrícia Carvalho (2018)