Era uma mistura entre circo e o jardim zoológico. Não se pagava bilhete, mas fazia-se fila - uma fila monumental - à porta. Uns comentavam o espetáculo, outros limitavam-se a olhar, de boca aberta. Há vários testemunhos de época que referem, inclusivamente, a existência de «excursões» vinda de vários pontos do país para ver... aquilo. O quê? Homens e mulheres, sentados, lado a lado, a tratar da beleza dos respetivos cabelos. Quando e onde? Em 1976, no salão de Isabel Queiroz do Vale, no Centro Comercial Imaviz, acabado de estrear. Mas não só. Havia, naquele salão, um ser espantoso, inconcebível, pela forma como se vestia, como se movia, como fazia de cada corte de cabelo uma performance singular. Um cabeleireiro que exigia ser tratado como barbeiro. António Joaquim Ribeiro.
Manuela Gonzaga – António Variações, Entre Braga e Nova Iorque (2018)
Nando, o filho do chefe Tomé e de Cecília, terá sido o que sofreu menos danos, mas mesmo assim teve várias queimaduras. Os óculos do equipamento «colaram-se à cara, derreteram, queimando-lhe o nariz»
Patrícia Carvalho – Ainda aqui estou (2018)
Fundação Francisco Manuel dos Santos e Patrícia Carvalho (2018)
People let me tell you I work hard every day I get up out of bed, I put on my clothes 'Cause I've got bills to pay Now it ain't easy but I don't need no help I've got a strong will to survive I've got a deeper love, deeper love Deeper love inside and I call it
[Chorus] Pride (a deeper love) Pride - a deeper love (Pride) a deeper love Woah woah woah woah It's the (pride) power that gives you The (pride) strength to survive (Pride - a deeper love) (Woah woah woah woah) Yeah ooh yeah yeah Yeah yeah yeah yeah yeah yeah yeah
[Verse 2] Now I've got love in my heart, it gives me the strength To make it through the day Pride and love (pride is) oh respect for yourself And that's why I'm not looking for Handouts, charity, welfare, I don't need Stealin', killin', not my feelin' No backstabbin', greedy grabbin' Lyin', cheatin' 'cause I've got a Deeper love, a deeper love A deeper love inside, I I yeah yeah I've got a deeper love (deeper), a deeper love (deeper) Deeper love inside, whoa
[Chorus] (Pride) a deeper love (Pride) a deeper love (Pride - a deeper) love Woah woah (woah woah) It's the (pride) power that gives you The (pride) strength to survive (Pride - a deeper love) (Woah woah woah woah) [Verse 3] And I wanna thank you for helping me see There's a power that lives deep inside of me Give me the strength (give me the strength) To carry on (to carry on), always be strong Whoa oh oh oh whoa
Aretha Louise Franklin
(Memphis, 25 de março de 1942 — Detroit, 16 de agosto de 2018)
dois casos deram origem a um aviso formal a Aristides de Sousa Mendes: «Qualquer nova falta ou infração nesta matéria será havida por desobediência e dará lugar a procedimento disciplinar em que não poderá deixar de ter-se em conta que são repetidos os atos de V.Sa. que motivam advertências e repreensões.» Era um aviso bem claro que estabelecia as regras do jogo: Salazar e o regime queriam continuar a seguir a Circular 14, portanto, a perseguir os judeus; a bloquear-lhes o caminho para a salvação e impedindo-os de escapar a um assassínio em massa, sem «cônsules ou indivíduos fora do seu estado normal», a incomodarem publicamente esse desígnio.
Pelo seu lado, Aristides decidiu continuar a seguir a sua consciência. O seu jogo seria deixar-se estar no seu posto como cônsul durante o mais longo espaço de tempo possível, e sempre que tivesse ocasião, passar o maior número de vistos, dando pelo menos a possibilidade de sobreviver aos que lhe aparecessem pela frente. A atitude de Aristides é clara: «Não participo em chacinas, por isso desobedeço a Salazar!» Aristides identifica sem rodeios Salazar com a força bruta de Hitler e do nazismo no que diz respeito aos judeus, e é disso que o acusa com esta frase. A sociedade portuguesa, prefere, para ficar bem com a sua consciência, olhar para o lado, e vai escolher vergar-se ao poder, evitando mais tempos de incerteza como os vividos antes de Portugal ter Salazar e o Estado Novo. Ninguém queria uma "democracia" ou uma república cheia de dúvidas.
António Moncada S. Mendes – Aristides de Sousa Mendes, Memórias de Um Neto Edições Saída de Emergência e António Moncada S. Mendes (2017)