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Nariz de cera

anotações e apontamentos que dizem tudo - de, por e para mim - por si mesmos.

Nariz de cera

anotações e apontamentos que dizem tudo - de, por e para mim - por si mesmos.

lembram-se sempre

16.04.20

uma gabardina antiga que pouco depois de casado já não me servia e a minha mulher guardava porque a tinha vestida na primeira vez que a vi, lembram-se sempre do que nós já esquecemos e censuram-nos por isso, nem sequer com palavras, basta um olhar 

 

António Lobo Antunes – A Última Porta Antes da Noite (2018)

Publicações Dom Quixote (2018)

 

 

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olhar para as coisas como elas são

15.04.20

Não havia volta a dar (...) Há coisas que não param depois de terem sido postas em movimento (...) 

Às vezes é preciso que os anos passem para que uma pessoa consiga olhar para as coisas como elas são. E assim de uma maneira geral as coisas não são o que queríamos.

Mas isso tu já sabes. 

 

Hugo Mezena – Gente Séria (2017)

Planeta Manuscrito (2018)

 

 

 

 

baús

15.04.20

porque quem não tem um baú na cabeça cheio de tralha antiga, episódios na aparência sem nexo de repente a ganharem sentido 

 

António Lobo Antunes – A Última Porta Antes da Noite (2018)

Publicações Dom Quixote (2018)

 

RMS Titanic

Afundou no oceano Atlântico
em 15 de abril de 1912

 

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A "Tragédia de Hillsborough" foi um incidente que ocorreu em 15 de abril de 1989 no Estádio Hillsborough, em Sheffield (Inglaterra) durante o jogo entre Liverpool FC e Nottingham Forest

Atentado à Maratona de Boston de 2013 foi uma série de ataques e incidentes que começou no dia 15 de abril de 2013

O incêndio da Catedral de Notre-Dame de Paris foi um incêndio violento que se deflagrou na Catedral de Notre-Dame de Paris em 15 de abril de 2019

 

bu(r)las

11.04.20

Na altura da Páscoa pagava-se a bula para se poder comer carne. Ainda me recordo de uma vizinha , a Sr.ª D.ª Maria Engrácia, que não pagou. A mulherzinha era pobre, mãe solteira, vivia sozinha... e terá comido uma asita de frango. Alguém a denunciou e ela foi excomungada. A carta com o documento da excomunhão vinha com o selo do bispo de Braga. Toda a gente soube, e foi como se a mulher tivesse lepra. 

 

Manuela Gonzaga – António Variações, Entre Braga e Nova Iorque (2018)
Manuela Gonzaga e Bertrand Editora (2018)

 

 

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eterno vírus do (g)orgulho

10.04.20

Enfim, a Crise instalara-se como facto consumado e falava-se dela como de um ente familiar incómodo, incontornável, omnipresente. A ilustrá-la, há uma recorrente falta de géneros. Ou é o arroz, ou é a batata, ou é o leite, ou é o feijão que desaparecem das prateleiras das mercearias e supermercados. Contra todos os pedidos e tentativas de limitar o açambarcamento pessoal, as pessoas compram o que precisam e não precisam, sujeitando-se a filas intermináveis nas caixas de pagamento, usando todos dos membros disponíveis da família em incursões de rapina que esvaziam as prateleiras de artigos de primeira necessidade, que depois, nas casas e despensas de cada um, irão paulatinamente apodrecer, deteriorarem-se ou encherem-se de gorgulho.

 

Manuela Gonzaga – António Variações, Entre Braga e Nova Iorque (2018)

Manuela Gonzaga e Bertrand Editora (2018) 

 

 

apostar na equipa certa

02.04.20

Mas em 1983 e em 1984, as autoridades responsáveis pela saúde dos portugueses não estavam informadas, logo, não sabiam como encarar o problema. Portanto, desmentem-no. A sida não existe. A exstir, é noutros países. Não há pragas nem epidemias. O director do Instituto Nacional do Sangue multiplica-se em entrevistas e vai à televisão desmentir a gravidade da situação e pedir às pessoas para não se preocuparem porque Portugal era um país de bons costumes. Só uma mulher, investigadora, estava atenta, e, pior do que isso, preocupadíssima. Odete Santos tinha ouvido falar da doença em 1983, num congresso em Lausanne, na Suíça, para onde foi a convite da maior especialista mundial em infeções hospitalares, que lhe diz: «Se for o que a gente pensa, vai ser uma desgraça!» Odete Santos, que trabalhava com o Instituto Pasteur, em Paris, pediu para ser apresentada ao professor Montagnier, o virologista francês que isolara o vírus... e contra tudo e contra todos iniciou uma batalha pelo conhecimento da doença, em Portugal... Numa enorme solidão, como ela própria admite, a cientista foi discriminada. As pessoas chegavam a mudar de passeio para não lhe falarem... Mas em 1985, com uma equipa diminuta na Faculdade de Farmácia, Odete Santos entra para a História da Medicina ao isolar o VIH-2... (...) A partir daí, a sida, em Portugal, não apenas existe como tem direito a bilhete de identidade. 

 

Manuela Gonzaga – António Variações, Entre Braga e Nova Iorque (2018)
Manuela Gonzaga e Bertrand Editora (2018)

 

 

 

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