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Nariz de cera

anotações e apontamentos que dizem tudo - de, por e para mim - por si mesmos.

Nariz de cera

anotações e apontamentos que dizem tudo - de, por e para mim - por si mesmos.

santa páscoa e feliz verdade

29.03.18

A cólera do justo é terrível: é a mão de Deus a esmagar-nos; o ódio do perverso não passa de fastio: é a blasfémia estéril e sórdida do demónio. O justo é corajoso e implacável; o injusto é cobarde e tortuoso. Este trabalha dez anos para cometer uma iniquidade que se revela um malogro; o primeiro faz brilhar a verdade como um clarão, e ao fim de dez anos de silêncio e de calma, é capaz de fulminar com o olhar e com uma única palavra o infame que esgotou a sua paciência. 

 

 

George Sand – Diário Íntimo

Antígona (2004)

 

 

 

 

 

 

não segurar o orgulho

28.03.18

Contei o meu desgosto a Delacroix, pois de que mais poderia falar, senão disso? E ele deu-me um bom conselho: deixar de ter coragem. «Deixai-vos ir», disse-me. «Quando eu próprio me sinto assim, não me deixo tomar pelo orgulho; não nasci Romano. Entrego-me ao meu desespero. Consome-me, debilita-me, mata-me. Quando se farta, aborrece-se e deixa-me em paz.» 

 

George Sand – Diário Íntimo

Antígona (2004)

 

 

 

intervalo de conflito

27.03.18

Chega-se a um ponto na vida intelectual em que se aprende enfim a distinguir o verdadeiro do falso, o possível do impossível, a ilusão da realidade. Contudo, entre essa época de iluminação e de discernimento, e a época da razão e da força, quando impiedosamente se subtrai à vida tudo o que seja sedutor e nocivo, dá-se um intervalo de conflito entre o saber e o poder; trata-se do período mais difícil e perigoso da existência humana. A experiência conduz ao conhecimento. A vontade conduz ao desprendimento. 

 

George Sand – Diário Íntimo

Antígona (2004)

 

 

 

 

27.11.4

27.03.18

 Sem olhar para trás. Sem ver o céu azul, o calor a bater. O sol a brilhar, a faiscar nos frisos dos carros que passam. O vento suave, a música no rádio. Nada disso, nada dessa beleza quotidiana se manifestou. Porque a decisão já estava tomada. Ponderada. Aceite.

Quando isso acontece, um véu de cegueira cobre a cara do morto anunciado. Como uma droga, uma embriaguez que omite a verdade. Que omite o mundo real, aquele que passa ao lado do universo que nasceu na mente do suicida.

As razões por que a decisão foi tomada, são desconhecidas. Podíamos consultar todos os psicólogos de Portugal; todos os psiquiatras. Todos os médicos de todas as maleitas do homem podiam olhar para este relato. E nenhum deles podia dizer com ciência a razão por que (...) escolheu morrer (...)

A verdade é que a cada quarenta segundos uma pessoa morre no mundo. Em Portugal, há, oficialmente, três suicídios por dia. São 1.200 por ano.

 

in https://24.sapo.pt/atualidade/artigos/na-ponte-que-liga-as-duas-margens-de-um-pais-ha-quem-escolha-desligar-se-da-vida

 

 

civilização burguesa

26.03.18

(Ódio à civilização burguesa.)

 

Esta gente parece ter alma

porque a música está a tocar. 

 

 

José Gomes Ferreira in Cabaré

 

 

José Gomes Ferreira – Poeta Militante I

Círculo de Leitores (2003)

 

 

 

The Taxi Dancers of the Roaring Twenties had a hard job  

k. Madison Moore

 

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