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Nariz de cera

anotações e apontamentos que dizem tudo - de, por e para mim - por si mesmos.

Nariz de cera

anotações e apontamentos que dizem tudo - de, por e para mim - por si mesmos.

29 de abril, dia internacional da dança

29.04.17

 

"Se o podre está no fundo repousado, 

A vida está no extremo dos altos bordos, afligida. 

De profundis, clamavi ad te_ ad te, vida inesperada, que 

Nos desesperas e engrandeces. 

 

 

 Maria Gabriela Llansol - O Começo de Um Livro É Precioso
Assírio & Alvim (outubro 2003)

 

 

dinheiro & filhos

28.04.17

Jackie Chan disse que irá deixar metade da sua fortuna para solidariedade. A outra metade, no entanto, não será inteiramente para os filhos, Jaycee Chan e Etta Ng Chok Lam. "Se eles forem capazes, vão saber ganhar o próprio dinheiro. Se não forem, estarão apenas a desperdiçar o meu", justificou.

(citação retirada de um mag qualquer perto de si)

 

 

 

(...)

Não me amarra dinheiro não
Mas elegância
Não me amarra dinheiro não
Mas a cultura
Dinheiro não

(...)

Não me amarra dinheiro não
Mas os mistérios

 

 

bulir com imaginações e vontades

27.04.17

Era a primeira aula de «História Local». Eu procurava, como costumo fazer, um tema que despertasse a atenção dos meus alunos e os lançasse numa animada troca de ideias. « Digam-me lá que imagens, que estereótipos, que histórias associamos normalmente à cidade do Porto?»

Algum embaraço inicial foi rapidamente superado: «cidade do trabalho», «cidade da liberdade», «o granito», «a chuva», «o cinzento», «Não! Cinzento não! É o contrário! As casas coloridas!», «a Cidade Invicta», «os tripeiros». Com uma pequena ajuda minha - a pedagogia não directiva tem os seus limites... -, acabámos o quadro: «o bairrismo», «a solidariedade», «o carácter». Já havia muito por onde começar. Tentei pôr alguma ordem no caos: «A chuva e granito são dados objectivos! A chuva mede-se e o granito está lá! A qualificação de "Invicta" tem uma história (...) o professor continuava ali, disciplinando as intervenções objectando para suscitar maior consistência nos argumentos; mas o observador, o «amador» do Porto distanciava-se com alguma incomodidade: quanta banalidade, Deus meu!, o trabalho, o granito, a liberdade... Em que momento do caminho é que o meu Porto ficou prisioneiro de um punhado de lugares-comuns, que, repetidos até à exaustão, perderam qualquer capacidade de bulir com imaginações, quanto mais com vontades? (...) Quanto mais gosto do Porto e melhor o conheço, mais díficil me é escrever sobre ele.

 

 

Luís Miguel Duarte, Prefácio

Germano Silva e Lucília Monteiro – Porto, a Revolta dos Taberneiros e Outras Histórias (2004)

Editorial Notícias (maio 2004)

 

 

 

 

 

 

 

ao porto

26.04.17

Ao Porto

 

Ó meu severo berço de granito!

(Este lembrar-te é um luar do fim?)

Vi os fiordes - não valem o teu rio! 

O melhor da tua força manda em mim. 

 

A tua fala é um gume leal. 

Avulso, o teu saber independente, 

amigo ou inimigo - uma só fé! 

Quando a névoa te cobre - um rosto ausente. 

 

António de Sousa, in Linha de Terra - 1898 

 

 

 

Germano Silva e Lucília Monteiro – Porto, a Revolta dos Taberneiros e Outras Histórias (2004)

Editorial Notícias (maio 2004)

 

 

 https://togotravel.com.br/wp-content/uploads/2015/09/togo_portugal-cidade-do-porto-rio-douro-_Sean-Pavone_.jpg

 

revolução e novos tempos

25.04.17

Com a revolução há pessoas que mudam tanto que ficam irreconhecíveis e pessoas que se sentem iguais a si mesmas ainda mais do que antes. Deve ser o sinal de que já estão prontas para os novos tempos. 

 

Italo Calvino – Se Numa Noite de Inverno Um Viajante (1979)
Coleção Mil Folhas PÚBLICO (2002)

 

 

De maneira que quem quiser, vem comigo para Lisboa e acabamos com isto. Quem é voluntário sai e forma. Quem não quiser vir não é obrigado e fica aqui.

 

 

 

23 de abril - dia mundial do livro

23.04.17

O director geral convida-te a observar o planisfério pendurado na parede. A coloração diferente indica: 

os países em que todos os livros são sistematicamente apreendidos; 

os países em que só podem circular os livros publicados ou aprovados pelo Estado;

os países em que existe uma censura boçal, pouco rigorosa e imprevisível; 

os países em que a censura é subtil, culta, atenta às implicações e às alusões, gerida por intelectuais meticulosos e astutos; 

os países em que as redes de difusão são duas: uma legal e outra clandestina; 

os países em que não há censura porque não há livros, mas existem muitos leitores potenciais; 

os países em que não há livros e ninguém lamenta a sua falta; 

os países, por fim, em que saem todos os dias livros para todos os gostos e para todas as ideias, no meio da indiferença geral (...)

 

Que dado permite distinguir melhor as nações em que a literatura goza de verdadeira consideração do que as verbas aplicadas no seu controlo e repressão? Onde é objecto de tais atenções, a literatura adquire uma autoridade extraordinária, inimaginável nos países onde a deixam vegetar como um passatempo inócuo e sem riscos.  

 

 

Italo Calvino – Se Numa Noite de Inverno Um Viajante (1979)
Coleção Mil Folhas PÚBLICO (2002)

 

 

Jean-Pierre Couarraze

 Colonne du savoir

 

 

musas

22.04.17

No hay edad para empezar a ejercer de musa 

 

 

David Foenkinos - La biblioteca de los libros rechazados (2016)
Titulo original: Le Mystère Henri Pick
Traducción de María Teresa Gallego Urrutia y Amaya García Gallego
Penguin Random House Grupo Editorial S.A.U. (febrero, 2017)

 

 

 

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