Jackie Chan disse que irá deixar metade da sua fortuna para solidariedade. A outra metade, no entanto, não será inteiramente para os filhos, Jaycee Chan e Etta Ng Chok Lam. "Se eles forem capazes, vão saber ganhar o próprio dinheiro. Se não forem, estarão apenas a desperdiçar o meu", justificou.
(citação retirada de um mag qualquer perto de si)
(...)
Não me amarra dinheiro não Mas elegância Não me amarra dinheiro não Mas a cultura Dinheiro não
Era a primeira aula de «História Local». Eu procurava, como costumo fazer, um tema que despertasse a atenção dos meus alunos e os lançasse numa animada troca de ideias. « Digam-me lá que imagens, que estereótipos, que histórias associamos normalmente à cidade do Porto?»
Algum embaraço inicial foi rapidamente superado: «cidade do trabalho», «cidade da liberdade», «o granito», «a chuva», «o cinzento», «Não! Cinzento não! É o contrário! As casas coloridas!», «a Cidade Invicta», «os tripeiros». Com uma pequena ajuda minha - a pedagogia não directiva tem os seus limites... -, acabámos o quadro: «o bairrismo», «a solidariedade», «o carácter». Já havia muito por onde começar. Tentei pôr alguma ordem no caos: «A chuva e granito são dados objectivos! A chuva mede-se e o granito está lá! A qualificação de "Invicta" tem uma história (...) o professor continuava ali, disciplinando as intervenções objectando para suscitar maior consistência nos argumentos; mas o observador, o «amador» do Porto distanciava-se com alguma incomodidade: quanta banalidade, Deus meu!, o trabalho, o granito, a liberdade... Em que momento do caminho é que o meu Porto ficou prisioneiro de um punhado de lugares-comuns, que, repetidos até à exaustão, perderam qualquer capacidade de bulir com imaginações, quanto mais com vontades? (...) Quanto mais gosto do Porto e melhor o conheço, mais díficil me é escrever sobre ele.
Luís Miguel Duarte, Prefácio
Germano Silva e Lucília Monteiro – Porto, a Revolta dos Taberneiros e Outras Histórias (2004)
Com a revolução há pessoas que mudam tanto que ficam irreconhecíveis e pessoas que se sentem iguais a si mesmas ainda mais do que antes. Deve ser o sinal de que já estão prontas para os novos tempos.
Italo Calvino – Se Numa Noite de Inverno Um Viajante (1979) Coleção Mil Folhas PÚBLICO (2002)
De maneira que quem quiser, vem comigo para Lisboa e acabamos com isto. Quem é voluntário sai e forma. Quem não quiser vir não é obrigado e fica aqui.
O director geral convida-te a observar o planisfério pendurado na parede. A coloração diferente indica:
os países em que todos os livros são sistematicamente apreendidos;
os países em que só podem circular os livros publicados ou aprovados pelo Estado;
os países em que existe uma censura boçal, pouco rigorosa e imprevisível;
os países em que a censura é subtil, culta, atenta às implicações e às alusões, gerida por intelectuais meticulosos e astutos;
os países em que as redes de difusão são duas: uma legal e outra clandestina;
os países em que não há censura porque não há livros, mas existem muitos leitores potenciais;
os países em que não há livros e ninguém lamenta a sua falta;
os países, por fim, em que saem todos os dias livros para todos os gostos e para todas as ideias, no meio da indiferença geral (...)
Que dado permite distinguir melhor as nações em que a literatura goza de verdadeira consideração do que as verbas aplicadas no seu controlo e repressão? Onde é objecto de tais atenções, a literatura adquire uma autoridade extraordinária, inimaginável nos países onde a deixam vegetar como um passatempo inócuo e sem riscos.
Italo Calvino – Se Numa Noite de Inverno Um Viajante (1979) Coleção Mil Folhas PÚBLICO (2002)
David Foenkinos - La biblioteca de los libros rechazados (2016) Titulo original: Le Mystère Henri Pick Traducción de María Teresa Gallego Urrutia y Amaya García Gallego Penguin Random House Grupo Editorial S.A.U. (febrero, 2017)