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Nariz de cera

anotações e apontamentos que dizem tudo - de, por e para mim - por si mesmos.

Nariz de cera

anotações e apontamentos que dizem tudo - de, por e para mim - por si mesmos.

entrumpados? hilariante!

09.11.16

a) o mundo não acaba lapidado pelas pedradas atiradas contra o politicamente correto, bem pelo contrário - há mais vida e autenticidade no improviso. se calhar, é preciso muito mais disto: broncos que mostram o que querem e ao que vêm, em vez de lobos disfarçados de cordeiros  ( preocupados com os mexicanos que poderão ser expulsos ou que nem poderão entrar porque um muro se levantará? então e os refugiados não acolhidos por uma europa inteira? o trabalho sujo encomendado à Turquia e pago com o dinheiro do bom europeu? a europa afunda-se na sua própria hipocrisia e melindra-se tanto com o que se passa do outro lado do atlântico! mas não nos esqueçamos que os pais fundadores fugiram da porcaria que por cá se fazia - por muito mau que se queira pintar o tio Sam, o irmão europeu é sempre trinta vezes mais carafunchoso e manhoso).

 

 

b) se há coisa que o voto faz é mostrar como as coisas estão e o estado a que se deixaram chegar. 

 

c) como portuguesa e europeia incomoda-me mais o presidente Juncker.

 

 

 

Muda-se de moleiro, não se muda de ladrão.

 

Provérbio Português

 

 

 

 

 

 

 

 

Having The Flu And With Nothing Else To Do

07.11.16

I read a book about John Dos Passos and according to
the book once radical-communist
John ended up in the Hollywood Hills living off investments
and reading the
Wall Street Journal

this seems to happen all too often.

what hardly ever happens is
a man going from being a young conservative to becoming an
old wild-ass radical

however:
young conservatives always seem to become old
conservatives.
it's a kind of lifelong mental vapor-lock.

but when a young radical ends up an
old radical
the critics
and the conservatives
treat him as if he escaped from a mental
institution.

such is our politics and you can have it
all.

keep it.

sail it up your
ass.

 

Charles Bukowski - Having The Flu And With Nothing Else To Do 

Portugal

04.11.16

Esta é a ditosa pátria minha amada. Não.
Nem é ditosa, porque o não merece.
Nem minha amada, porque é só madrasta.
Nem pátria minha, porque eu não mereço
A pouca sorte de nascido nela.

Nada me prende ou liga a uma baixeza tanta
quanto esse arroto de passadas glórias.
Amigos meus mais caros tenho nela,
saudosamente nela, mas amigos são
por serem meus amigos, e mais nada.

Torpe dejecto de romano império;
babugem de invasões; salsugem porca
de esgoto atlântico; irrisória face
de lama, de cobiça, e de vileza,
de mesquinhez, de fatua ignorância;
terra de escravos, cu pró ar ouvindo
ranger no nevoeiro a nau do Encoberto;
terra de funcionários e de prostitutas,
devotos todos do milagre, castos
nas horas vagas de doença oculta;
terra de heróis a peso de ouro e sangue,
e santos com balcão de secos e molhados
no fundo da virtude; terra triste
à luz do sol calada, arrebicada, pulha,
cheia de afáveis para os estrangeiros
que deixam moedas e transportam pulgas,
oh pulgas lusitanas, pela Europa;
terra de monumentos em que o povo
assina a merda o seu anonimato;
terra-museu em que se vive ainda,
com porcos pela rua, em casas celtiberas;
terra de poetas tão sentimentais
que o cheiro de um sovaco os põe em transe;
terra de pedras esburgadas, secas
como esses sentimentos de oito séculos
de roubos e patrões, barões ou condes;
ó terra de ninguém, ninguém, ninguém:
eu te pertenço. ƒÉs cabra, és badalhoca,
és mais que cachorra pelo cio,
és peste e fome e guerra e dor de coração.
Eu te pertenço mas seres minha, não

 

Jorge de Sena - A Portugal