amar eternamente a vida
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For every minute you remain angry, you give up sixty seconds of peace of mind.
Ralph Waldo Emerson
" Os operários portugueses foram recebidos à porta da fábrica da Dura Automotive, que produz componentes eletrónicos para automóveis, na cidade de Plettenberg, por colegas alemães munidos de cartazes, panfletos em português e um tradutor oficial.
Os folhetos explicavam que entre 850 a 900 trabalhadores alemães da fábrica de Plettenberg serão despedidos, segundo disse à agência Lusa Fabian Ferber, representante local do maior sindicato da indústria metalúrgica na Alemanha, o Industriegewerkschaft Metall.
“Há cerca de 11 meses a sede [da multinacional], nos Estados Unidos, anunciou o despedimento de cerca de 850 a 900 pessoas, de um total de 1300″, da fábrica de Plettenberg, explicou Fabian Ferber, acrescentando que até hoje os trabalhadores alemães estão à espera de informação sobre compensações sociais e reformas antecipadas.
“Não estamos contra os trabalhadores portugueses, eles não são nossos inimigos. A Dura é que é a nossa inimiga. Nós estamos a lutar pelos nossos empregos”, garantiu. (...)
“A Dura queria que fizéssemos horas extra para terminar uma encomenda. A empresa tem de gerir as encomendas durante as horas de serviço normais, por isso, a comissão de trabalhadores tem direito a recusar o pedido de horas extra. Foi o que fizemos e, então, trouxeram os trabalhadores portugueses”, afirmou.
O sindicato recorreu aos tribunais que, inicialmente, deram razão aos trabalhadores alemães, mas a empresa apresentou um novo plano de trabalho aos juízes e conseguiu garantir a permanência dos operários portugueses na Alemanha.
“O plano da empresa diz que durante a semana a fábrica pertence à Dura Alemanha, ao passo que aos fins de semana a fábrica passa a ser Dura Portugal. A fábrica troca de mãos por dois dias, algo completamente novo”, segundo Ferber."
in http://24.sapo.pt/economia/artigos/operarios-portugueses-recebidos-com-protesto-de-colegas-locais-em-fabrica-na-alemanha
José Augusto Neves Cardoso Pires
( 2 de Outubro, 1925 — 26 de Outubro, 1998)
" Se o cabo mecânico, às 08.00 da manhã, estivesse no hangar como lhe determinava a escala, por certo tería caído das nuvens ao ver chegar o engenheiro Miguel que horas antes teria passado por ele encoberto com as brumas. Veria que não trazia luvas nem saco plástico nenhum e que vinha acompanhado de duas senhoras. E acharia estranho, evidentemente. E indagaria. E talvez tivesse evitado o pior. Mas sempre que toca a desgraça o Diabo sabe tecer os enredos com agulha fina e Deus faz de distraído ou como se. E o facto é que, minutos antes de o engenheiro entrar no hangar, o cabo fora chamado ao gabinete de controle por motivos de serviço e foi um assistente de pista que o recebeu e ajudou a atrelar o cartaz ao aparelho.
Chamado agora a perguntas, o referido substituto pouco podia esclarecer. Desde o hangar até ao momento da descolagem também notou que havia certa ausência entre as duas senhoras, diria mesmo que certa animosidade. Teve consciência disso mas, era como o outro, os humores de cada um não lhe interessavam nem deixavam de interessar. Tudo o que podia assegurar é que estavam as duas muito silenciosas naquela manhã prateada ao tomarem os seus lugares para a sua última viagem: Alexandra à frente ao lado dos comandos, Maria no assento da retaguarda, com o pescoço por cima do ombro dela para ver melhor a paisagem.
Sobrevoaram em asa de brinquedo rectângulos verdes, campanários, comboios alegres em trilhos reluzentes. Traziam no rastro uma mensagem a singrar no azul e levavam por companhia um coração assassino que não parava de pulsar: tiquetaque, tiquetaque, tiquetaque...
Por um destes pressentimentos que só a morte sabe despertar, Maria procurou a mão de Alexandra e apertou-a com força. "
José Cardoso Pires - Alexandra Alpha (1987)
Publicações Dom Quixote para Círculo de Leitores (2003)
As pessoas sensíveis não são capazes
De matar galinhas
Porém são capazes
De comer galinhas
O dinheiro cheira a pobre e cheira
À roupa do seu corpo
Aquela roupa
Que depois da chuva secou sobre o corpo
Porque não tinham outra
O dinheiro cheira a pobre e cheira
A roupa
Que depois do suor não foi lavada
Porque não tinham outra
" Ganharás o pão com o suor do teu rosto"
Assim nos foi imposto
E não:
" Com o suor dos outros ganharás o pão".
Ó vendilhões do templo
Ó construtores
Das grandes estátuas balofas e pesadas
Ó cheios de devoção e de proveito
Perdoai-lhes Senhor
Porque eles sabem o que fazem.
Sophia de Mello Breyner Andresen in Livro Sexto
Se Deus cantasse ele cantaria com a voz de Milton.
Elis Regina
Milton do Nascimento
(Rio de Janeiro, 26 de outubro de 1942)
Todos vós, que amais o trabalho desenfreado (...), o vosso labor é maldição e desejo de esquecerdes quem sois.
Friedrich Nietzsche, Assim falou Zaratustra: um livro para todos e para ninguém
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