" - Acredite em mim! As pessoas não valem o trabalhão que temos para elas pensarem bem de nós... São estúpidas!... Elas é que exigem que adoptemos ares virtuosos, e afinal é a ver quem faz mais batota..."
"...tinha esta mania de lacrimejar sem razão, com o ar de ser uma vítima da brutalidade do mundo."
" Foi quase à mesma hora, na altura em que as repartições se enchiam umas atrás das outras de pessoas que não tinham grande vontade de pôr mãos à obra e cujo primeiro cigarro era amargo, que o telegrama chegou..."
" Mas qual é o valor de um seguro de vida quando o cliente é perseguido por homicídio?"
" Quanto ao gaiato, não tem nenhum dos defeitos próprios da sua idade, o que me inclina a pensar que nada fará de aproveitável na vida."
" Simplesmente, aos quarenta anos, decidi viver como me apraz, sem cuidar dos costumes nem das leis, pois descobri um pouco tarde que ninguém os cumpre e que, até aqui, andei iludido. (...) Durante quarenta anos, aborreci-me. Durante quarenta anos, olhei a vida à maneira do miúdo pobre que tem o nariz colado à montra de uma pastelaria e vê os outros a comer os bolos.
Agora, sei que os bolos pertencem aos que se dão ao trabalho de os agarrar."
" ... é cómodo apodar de loucas as pessoas que não somos capazes de compreender."
Georges Simenon - O Homem Que Via Passar Os Comboios (1938)
Coleção Mil Folhas PÚBLICO (2002)